sábado, 10 de outubro de 2009

Silêncio

...queria dizer-te que és especial...

...queria dizer-te que te amo...

...queria dizer-te que me fazes falta...

...queria dizer-te que...

...queria dizer-te tudo aquilo que já escutaste vezes sem conta... tudo aquilo que tão bem demonstrei algumas vezes e receio ter perdido a oportunidade de outras...tudo aquilo que nunca é demais dizer...fazer tudo aquilo que te faz feliz...viver tudo aquilo que me faz bem...

...mas, a realidade é que a vida não dá voltas... e as voltas que nós dá-mos por vezes afastam-nos...temporariamente, é certo, mas afastam...

...e é nestes tempos que dói a ausência de um olhar próximo...que dói a presença da ausência da tua mão...que dilacera a falta do abraço e do cheiro...

...ai...esses dois... ...

Escrevo com a sensação de que isto é mais para fora do que para o teu ou meu corações... é estranho... mas não importa. Veja quem quiser... leiam os mais curiosos... tentem viver os mais auspiciosos... mas, num ápice, chega a certeza de que é realmente especial, porque vive em nós, tanto quanto o facto de ser simplesmente passível de vida em meia dúzia de corações... e que feliz que isso me faz... ai... que feliz... Não, não por este amor ser egoísta, mas tão simplesmente por ter sido construído e não comprado em qualquer hipermercado que tenta ser a mercearia da esquina... assim foi... e por isso é assim!

Como é hábito meu...perco-me contigo! Dizes tantas vezes que sou eu, a minha calma e paciência que chegam a ser enfadonhas, quem te dá chão...quem te equilibra... Ah...se tu soubesses a falta que faz ao meu equilíbrio essa tua...como lhe chamar? ...credo, passaram minutos e não sei como adjectivar aquilo que realmente necessito de ti... Será o teu olhar? Talvez o teu risco... a perseverança? Sim, isso... a tua teimosia ao de leve, tão mal analisada muitas vezes, quase a tocar o improvável de ser possível... Uhm...não, também não é bem isto... ...eu alcanço...com mais ou menos tempo!!!

Não sei se são permitidos tão extensos pensamentos em palavras por estes lados, mas é como te digo: a tua imensidão provoca danos... tudo isto para que todos possam saber, se assim o desejarem, apesar de não me interessar que o saibam, que simplesmente desejo que vivas...feliz! Tão resumidamente isto, para que tenhas uma prova adicional, desnecessária, de algumas coisas que provocas em mim... ...por isso te amo...com a mesmo intensidade de um ódio dilacerante, já que os entendidos na matéria sempre afirmam que aquando da discrição de um dito amor real, ele se aproxima bem mais da discrição perfeita de um vulgar e desprezível ódio... enfim...são esses loucos pensadores, que tantas vezes se atrevem a retirar aquilo que de mais recondito tem o nosso cérebro... Ah, o cérebro... Sim, porque sabes a minha opinião: todas estas voltas ninguém têm como responsável que não sejam umas quantas sinapses atrevidas, de quem não tem uma forma melhor de ocupar receptores... "...são loucas...", dizia ela...são loucas!!!

Sorrio... sorrio porque, perdida nas lembranças tão presentes da última frase, percebi o que mais preciso em ti... ...

O teu silêncio! Preciso de saber que continuas ali, no sofá do lado, sozinha no teu mundo... mas sempre obrigando-o a que a janela mais especial que possui esteja bem diante da abertura frágil do sítio onde eu habito... e isso, Su, nunca, nada ou ninguém vai poder fechar... não há cortinas de água... não há trancas de terra que possam fechar... é intemporal!!!...como continuam a ser outras que tu bem sabes... estas sim, são das poucas certezas que me fazem ser a lutadora que me rotulas... a eterna sonhadora que a tudo conquista... mas isso, Minha Irmã, só isso me faz lutar e não ter medo ou vergonha... de viver, de amar, e de permitir às minhas sinapses o seu trabalho, tão conscientemente ordenado, de ser feliz ao assistir ao teu conto de fadas a cada dia que passa... cada ano que passa da tua história de vida...

Por favor... que com esse silêncio continues a escreve-lo e sempre, sempre com as ilustrações mais perfeitas: essas que saem dos teus sentimentos directas às tuas mãos...

Cuida de ti aí longe, minha querida Amiga...

Sempre tua e sem qualquer receio do verdadeiro eu…

...Lia...

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Árvore de Amor...

Aquela indiferença... aquela ausência de contacto e de confiança...
No entanto, vezes havia em que tudo parecia o contrário... na maioria delas, para ser verdadeira...
Era um sentimento lindo... talvez não assente nos melhores pilares, mas tudo conseguia ser gerido com o maior cuidado e naturalidade...
Eles cuidavam do que ambos sentiam, como se se tratasse da flor mais frágil que algum dia alguém plantara...
alimentavam-se de amor...
bebiam dos mais refinados carinhos...
as palavras de necessidade saudável eram uma constante... precisavam delas como de ar...
ar esse, produzido pela árvore que regavam diáriamente com paixão e que absorvia todos os seus pensamentos, mais do que muitos a cada minuto, como se do próprio Sol se tratasse...
Havia, no entanto, algo de estranho...
Seria o terreno?!?!?!?
Por vezes parecia ser Inverno... as folhas, ausentes, não recordavam o motivo de terem abandonado os ramos... como se se tivessem esquecido plenamente que, para que a Primavera renasça, é necessário que morram, na sua forma mais íntegra... nascendo assim saudáveis... lindas...
De facto, o terreno tinha sido uma doação... estaria envenenado?!?!?! Árido de amor... de esperança... há já quanto tempo não era semeado??? Desde há quanto tempo não teria produzido nenhum fruto com amor??? Com dedicação???

Todas as colheitas... searas imaginárias... serão ceifadas?!?!?!?!?

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Misto de Sentimentos...

"Os espinhos que me feriram foram produzidos pelo arbusto que plantei." (Byron)

Sim... é verdade... assim foi... mas plantado com tudo aquilo que tinha de mais puro... magoa-me saber que não se preocupou em cuidar... alimentar... ver crescer... com carinho e paciência... e, pelo contrário... confundir o que poderia vir a ser uma bela e forte árvore, com uma erva... fraca e parasita... que jamais dará qualquer fruto... Assim foi a escolha... que acabará por tornar árido todo o terreno.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

A chuva...

Aquela noite... aquele dia...
Ela não conseguia recordar...
Depois de uma noite na presença de quem mais gostava, daqueles com quem podia ser bastante ela, Raquel tentou recordar-se das horas, das ruas, das casas... nada lhe era familiar!
Sentia frio, dor, desamparo... reconhecia apenas a angústia de um erro... de uma escolha assente em infundamentadas lamúrias e queixumes... recorda-se das lágrimas terem aquecido a sua face e o seu coração... - não, o caração não fora, com toda a certeza... Raquel tinha-lhe perdido o rasto... não conseguia, naquele momento, perceber onde tinha ficado um único sentimento sincero, que fosse... um único!!!
Mais uma vez, a dolorosa, mas quase certa, lembrança de nunca ter sido ela mesma com Eduardo fê-la chorar... chorar tanto, como não julgou algum dia fazer... talvez o problema e todo o medo morassem ai mesmo... na sua casa de sonho... aquela que Eduardo tivera construido com todo o amor e empenho... e que Raquel tinha decidido não habitar!
Será possível……
Será que qualquer pessoa consegue arcar com as consequências de um erro durante toda uma existência….
A sensação de que isto não me pertence… que não é aqui o meu lugar… que cada vez que tento fugir tudo se torna mais e mais complicado… Que tudo não faz parte de mim nem de tudo aquilo que algum dia me atrevi a sonhar…
Serão estes ou aqueles sonhos reais…???
Não me lembro da última vez que sonhei…
Terá sido há duas ou três noites atrás??? Terá sido há duas ou três noites atrás a primeira noite que vivi…
Depois de mais de nove anos ter-me-ei atrevido a sonhar…????
Não sei… Não consigo recordar…
Não consigo… Por mais que tente não encontro a estrada que tenho vindo a percorrer… Não a reconheço… As árvores não são as mesmas… Os cantos… As pedras… Nada se identifica contigo… Comigo… Já nem o teu cheiro pareço reconhecer…
Serei eu…????
Estarei assim tão perdida da menina que um dia fui e que me recordo ter sido tão amada… Será que foi mesmo assim???
Será que esse dito amor existiu mesmo ou será um daqueles doces e quentes enganos que nos servem de fuga… Como as crianças deixam de cometer as suas saudáveis asneiras com medo de ir ao médico e levar um pica…
Terás sido tu, durante todo este tempo uma memória…???
Serás tu nada mais que uma lembrança…????